Esta oficina é composta por 11 tanques (um deles dividido em quatro) dispostos em U em torno de um pátio, e os braços do U ligeiramente abertos em V. A parte sudoeste da oficina está sobreposta pelo edifício identificado como basílica paleocristã e só o contorno de alguns tanques é visível. No último momento, a oficina foi subdividida por muros tardios.
A oficina mediria cerca de 39m de comprimento por 14m de largura mas a sua forma quadrilátera muito irregular não está totalmente visível. Os tanques têm uma profundidade de 2,10 a 2,20m e uma capacidade muito variável de 6 a 57m3.
A capacidade de produção dos oito tanques visíveis, na última fase, é de 170m3. Na construção original, os cinco tanques não divididos teriam uma capacidade de 178m3. O tanque 1, com um volume de 57m3, é o maior que se conhece em Tróia.
Os resíduos de peixe recolhidos no fundo do segundo tanque do alinhamento nordeste-sudoeste foram objecto de uma análise preliminar por Brice Ephrem que indicou que a maior parte é composta por clupeídeos associados a sparídeos entre os quais a espécie Pagellus sp. (dourada).
Século I (?) - IV
Não existem dados sobre a data de construção da oficina mas a sua grande dimensão, tipo de construção e localização ao nível da praia sugerem que é antiga, talvez do século I, certamente do Alto Império.
Uma parede divisória tem um bordo de Almagro 51c como material de construção, portanto essa divisão não é anterior ao Baixo Império.
O segundo tanque do alinhamento nordeste-sudoeste conservava níveis arqueológicos sobre o fundo. A cerâmica recuperada (Hayes 50A em sigillata africana C, ânforas Africana IIC e Almagro 51c variante B) sugerem que a sua produção terminou no século IV, provavelmente na primeira metade deste século.
Uma sondagem realizada num tanque sob a basílica revelou que se implantou uma necrópole na oficina abandonada, e um bordo de ânfora da forma Sado 1 variante B indica que a basílica não se instalou antes de meados do século IV (Pinto et al., 2014). Este facto confirma o fim da produção de salgas na primeira metade do século IV.
Inês Vaz Pinto, Ana Patrícia Magalhães, Patrícia Brum, «Tróia 6 (Carvalhal, Portugal)», RAMPPA, Atlantic-Mediterranean Excellence Network on Ancient Fishing Heritage (http://ramppa.uca.es/cetaria/troia-6), 01 February, 2017.